cereja por cereja...

"Sou um coração batendo no mundo"

(Clarice Lispector)

Após mais um incômodo nesta 2ª feira passada, finalmente consegui fazer minha endoscopia.

Incômodo porque sempre existe um porém, sempre tem alguma coisa escrita errada, sempre uma burocracia, sempre, sempre, sempre...

Por fim, fiz e foi tranquilo e quando acordei perguntei:

Já foi?

A melhor endoscopia é essa, seguramente.

Aí a tarde tratei de ir até o psiquiatra, e lá, ele meio que indiferente a tudo o que eu dizia, feaz questão de me dizer que não ia tratar análise pela UNIMED e que custaria cerca de R$100,00 cada sessão...

HA!!!

Tá bom... 

Fui-me... assim, pelo vento.

Ao menos ele tratou tão objetivamente a minha consulta que finalmente fez o laudo médico para a cirurgia... sim, segundo consta o laudo, eu não sou doida.

Ufa!

E liguei também (tuuuudo no mesmo dia, veja só a proatividade...) pro consultório do gastroenterologista  e a secretária dele é uma cavalgadura que não ouve o que eu falo e no final do que digo ela repete que o que eu devo fazer é justamente aquilo que eu acabei de dizer que fiz...

Cruzes!

Então que eu fiquei assim meio sem saber se sim, se não...

O que vai ser no futuro, afinal.

Só sei dizer que pairam mil dúvidas na minha cabeça e eu realmente não sei se vou saber se,

pós cirurgia, saberei ser auto-suficiente para renascer dessa vez...

cereja por cereja...

Denovo não consegui fazer a endoscopia, sempre esquecendo onde estavam os papéis, sempre sendo responsabilizada pela perda de coisa importante, e no entanto uma semana depois vou descobrir os papéis no porta malas do carro (sempre estiveram junto comigo) e eu não sabia simplesmente porque não fora eu quem os pusera lá... Mas enfim...

A estrutura para que as coisas aconteçam é complicada, tudo atrasa tudo, e o andamento da situação deu uma estagnada. Porém, em nenhum momento, por mais que eu ouça os leigos e os opinantes, em nenhum momento eu penso em desistir.

Apesar do desânimo causado pela situação da endoscopia, e do exame do sono (que foi marcado apenas para janeiro de 2009) ainda assim, eu tornei a pensar com firmeza do propósitos e tomar fôlego para retornar as atividades tantas que também fazem parte do esquema de pré-operatório.

Ontem eu estava no show do Dazaranha e ao ouvir músicas que tanto gosto, sentia a energia delas, do movimento que elas emanam, o prenuncio de verão e tudo o que isso vai significar depois da cirurgia e da conquista de um novo corpo.

Começar de novo, vai valer a pena...

cereja por cereja...

Até poucos dias eu falava sobre a cirurgia, mas como sendo um processo à parte de mim, uma situação estranha, talvez ainda não bem aceita no meu íntimo, e de certa forma isso me preocupava. Eu digo e repito, nunca pensei em fazer uma cirurgia bariátrica. Quando eu via pessoas que se submeteram a essa experiência, eu achava que elas eram pessoas sem opção, com uma única saída para a obesidade mórbida, e muito fragilizadas pelas primeiras fases pós cirurgia. Hoje já penso diferente, talvez pela intimidade que começo a ter com o assunto, nessa busca dos laudos e das autorizações, vejo que é uma saída, ainda que drástica, uma saída digna para a situação sem perspectiva a qual me encontrava até então.

Quando eu reconheci que havia perdido o estímulo para começar o que quer que fosse (dietas, exercícios, hábitos saudáveis, reeducação alimentar) e que se algo não acontecesse, eu ficaria assim pra sempre, ganhando peso com os anos e perdendo saúde e oportunidades, eu decidi procurar o médico que é referência nesse assunto e que já atendeu amigos meus, e comecei a ver a cirurgia como um meio para voltar a ter saúde e bom condicionamento físico.

Mas quero sempre frisar que, isso não é uma mágica maravilhosa, a qual de repente vou me submeter e que a partir daí minha vida ficará melhor. Sei das necessidades do processo, sei das situações nem sempre agradáveis que o operado vive, sei dos riscos e ainda que isso me assuste, estou ciente de que meu esforço e disciplina é que irão me trazer resultados.

Estou prestes a enfrentar uma batalha contra 48 kilos, e se a vida me trouxe até mais esse desafio não irei me furtar. O que eu quero realmente saber (e acho que já sei) é se estou preparada para o ruim (sempre soube lidar com as dificuldades) e para o bom de tudo isso...

Terei tempo e todo um processo para absorver, entender e aceitar as coisas que ainda não sei ou que de tempos idos, já me desacostumei...

Começo a prestar atenção a tudo ao meu redor.

Estímulos

Buscando algumas revistas antigas sobre Boa Forma...

De algum lado tenho que começar a MINHA PARTE

Devagar e (espero) sempre, eu chego lá.

O peso da balança...

Esse tópico vai aparecer vez ou outra por hora e talvez mais adiante venha ser mais frequente, ele vai tratar sobre as vezes em que eu ver meu peso, coisa que a muito tempo (anos talvez) eu não cuidava mais.
Onde foi que tudo começou a degringolar?
Desde sempre, é bem provável.
Queria ser elegante, claro, mas jamais me privei por conta disso, eis-me aqui.
Cheguei a obesidade severa e aquilo que eu considerava excessivo e no limite (o peso que está na capa do blog) estava sendo uma passagem pra algo maior.
No consultório do Dr Cherem esta semana, pesei 108,9 k...
Fiquei chocada e ao mesmo tendo amortecida, parecia uma baque, mas não era.

AGIR!
Aff...isso parece aqueles gritos de guerra obstinados dos gordos apavorados com sua silhueta.
Eu não estou satisfeita, mas não posso me considerar do mesmo time que os apavorados, talvez esse seja o meu problema.

Tenho que fazer algo, então falando com a Rosa Vermelha, ela me disse que a fanfarrice da boêmia está com os dias contados...
Conto com ela, sem dúvida, afinal a luta sempre esteve ao seu lado.

cereja por cereja...

Tentando uma definição bastante hermética e perfeita, eu posso dizer que sou uma pessoa redonda.

Eu nunca fui infeliz por mim, sobre mim, se algum dia fiquei tocada, triste, abatida com a minha obesidade, esse dia teve a influência do outro.

E aprendi a tocar a vida assim, primeiro, era apenas uma barriguinha e um culote avantajados, depois aos poucos, o peso se estabelecendo e ano a ano envelhecendo comigo.

De repente, surgiu alguém que não era eu, uma pessoa mais assenhorada, uma figura que não correspondia a minha cabeça, ao meu estilo, eu me tornei alguém que não conhecia...

Essa pessoa que está comigo, em meu corpo, é alguém que me conhece, mas me esconde.

Decidi, através da criação deste blog, que faria o caminho todo de volta, até chegar na pessoa que fui, até chegar na bela mulher "corpão violão" que existiu um dia.

Cuidar-se, tendo subsídeos e acompanhamentos, além de uma intervenção mais severa (no caso aqui, estuda-se a cirúrgica bariátrica), pode ser que exista uma nova opção de levar o emagrecimento a algo efetivo e definitivo.

Proponho-me o desafio, analisarei todas as etapas desse processo aqui, neste blog.

Que vai ter desde recordações e memórias, até o olhar sobre o presente e lançado para o futuro.